Nesta segunda-feira (25), um grupo de pinguins-de-Magalhães ganhou uma segunda chance de viver no oceano. Resgatados debilitados nas praias do litoral do Paraná, eles passaram por reabilitação completa no CReD/UFPR antes de voltar para o habitat natural. A soltura também marcou os 10 anos de atuação do Projeto de Monitoramento de Praias da Bacia de Santos (PMP-BS) no estado, que há uma década atua na conservação da fauna marinha.
Segundo a coordenadora Camila Domit, ver os animais retornando ao mar com saúde é “a melhor forma de celebrar uma década de esforços em prol da conservação da biodiversidade”.
Resgate e cuidados: o caminho de volta ao oceano
Os pinguins-de-Magalhães enfrentam uma longa jornada todos os anos, vindos da Patagônia argentina e chilena, e nem sempre conseguem completar os quase 4 mil quilômetros até o litoral brasileiro. Muitos encalham exaustos ou debilitados, e a equipe do PMP-BS/LEC-UFPR atua rapidamente para aumentar suas chances de sobrevivência.
No CReD/UFPR, os animais recebem atendimento especializado: exames clínicos, hidratação, dieta balanceada de peixes frescos e suplementação nutricional. Depois, passam por treinamento nas piscinas do centro, recuperando força, impermeabilizando penas e readquirindo comportamentos sociais essenciais para a vida em grupo.
O veterinário Felipe Fukumori explica que os resgatados chegam debilitados, com sinais de subnutrição, desidratação e dificuldades para manter a temperatura corporal. Além disso, alguns apresentam marcas de redes de pesca e fragmentos de plástico no organismo, reflexo da interação com atividades humanas.
De volta à natureza e à sociedade
A soltura é sempre um momento planejado. Sob supervisão da equipe, os pinguins caminham pela areia até alcançar o mar, numa cena que emociona quem acompanha de perto. Para Liana Rosa, gerente operacional do PMP-BS, “cada etapa do resgate à soltura mostra o quanto o trabalho coletivo é importante para devolver esses animais à natureza”.
Além do cuidado com os animais, o PMP-BS tem papel fundamental na pesquisa e conservação do litoral paranaense. Desde 2015, o projeto registrou quase 30 mil animais encalhados, contribuindo com informações valiosas sobre a biodiversidade local e os impactos das atividades humanas no litoral.
“Transformamos dados em informação, ciência em ação e pesquisa em impacto real para a sociedade”, reforça Camila Domit. E é exatamente isso que vimos nesta segunda-feira: a ciência funcionando na prática e animais retornando ao seu habitat com saúde.
Fotos de Giuliani Manfredini / CReD-UFPR