A Polícia Civil do Paraná (PCPR) realizou uma ação na quarta-feira, 26, que resultou no resgate de mais 10 mulheres mantidas em situação de cárcere privado em uma clínica localizada em Antonina. O desdobramento ocorreu após a prisão do coordenador do estabelecimento na segunda-feira, 24, quando outras cinco vítimas já haviam sido resgatadas. A nova diligência, motivada por informações adicionais, revelou a presença de mais mulheres internadas de forma irregular.
Cárcere Privado e Maus-Tratos: As Condições Encontadas
De acordo com o delegado Emmanuel Lucas Soares, as vítimas resgatadas estavam em uma clínica que não cumpria os requisitos legais necessários para o atendimento. Embora as mulheres não estivessem confinadas em ambientes fechados no momento da abordagem, as internações não foram comunicadas ao Ministério Público, configurando o crime de cárcere privado.
Durante a operação, as vítimas relataram maus-tratos e abusos cometidos por funcionários da clínica. Entre os relatos estava a existência de um ambiente chamado “quarto zero”, onde pacientes desobedientes eram isoladas e forçadas a fazer suas necessidades fisiológicas em baldes, além de serem, em alguns casos, algemadas. Os familiares das internas também tiveram seus contatos frequentemente monitorados e interrompidos.
Apoio e Reintegração das Vítimas
As mulheres resgatadas, que foram encontradas com o apoio da Assistência Social de Antonina, receberam acolhimento inicial e estão sendo acompanhadas por equipes médicas e psicossociais. Elas iniciarão, em breve, o processo de reintegração com suas famílias, com o suporte necessário para superar os traumas.
Investigações e Prisões
O sócio administrador da clínica, de 50 anos, foi preso em flagrante durante a operação. Ele é responsável pela unidade, que foi autuada por manter pacientes em condições irregulares, sem o devido acompanhamento legal. A clínica foi recomendada para interdição pelo Ministério Público do Paraná, que também solicitou judicialmente a suspensão das atividades da unidade.
As investigações seguem em andamento, com a PCPR empenhada em identificar todos os envolvidos no esquema criminoso e responsabilizá-los pelos crimes cometidos.