Em Itajaí, no Litoral Norte de Santa Catarina, a prefeitura realizou uma ação que chamou a atenção nas redes sociais: a distribuição de kits contendo seda para maconha, preservativos e lubrificante íntimo para usuários de drogas. Segundo a prefeitura, a iniciativa foi baseada nos manuais do Ministério da Saúde sobre redução de danos.
A proposta visa oferecer alternativas para diminuir os danos associados ao uso de drogas e fornecer cuidados em saúde. A professora Daniela Ribeiro Schneider, do departamento de psicologia da UFSC, explicou que a estratégia busca enfrentar um dos maiores desafios enfrentados pelos usuários, que é a interrupção abrupta do uso. Nesse sentido, a seda é apresentada como uma escolha que minimiza os danos, especialmente para aqueles que estão em tratamento no Centro de Atenção Psicossocial (CAPS) e em terapia de substituição, como é o caso de usuários de crack que utilizam a maconha como alternativa menos prejudicial.
A prefeitura ressaltou que a implantação desse programa contribuiu para reduzir significativamente o número de casos de AIDS, que anteriormente era um problema relevante na região.
A ação ocorreu durante um evento do Centro de Atenção Psicossocial, onde foram distribuídos cerca de 30 kits. O secretário de Saúde de Itajaí, Emerson Duarte, explicou que a estratégia foi focada em pessoas que enfrentam dificuldades em abandonar o vício em drogas, sejam elas lícitas ou ilícitas. Além da distribuição dos kits, a atenção aos usuários inclui rodas de conversas e laborterapia, entre outras atividades.
Gustavo Pereira, Diretor de Atenção à Saúde de Itajaí, enfatizou que os materiais dos kits, incluindo um folder com orientações para o uso menos nocivo das drogas, têm o objetivo de prevenir doenças e evitar possíveis consequências do consumo excessivo de entorpecentes, como overdoses. A inclusão de sedas nos kits, por exemplo, tem o propósito de desencorajar o uso de outros tipos de papel, como jornal, em cigarros caseiros.
Esse tipo de abordagem, voltada para a redução de danos, teve início em 1989, no Porto de Santos, quando houve um aumento preocupante de casos de HIV e AIDS. Desde então, as orientações e disponibilização de utensílios para prevenir o compartilhamento de seringas e outros riscos vêm sendo implementadas e aprimoradas, ganhando força a cada ano.