Em universo de 37 países, o Brasil é o segundo país com maior proporção de jovens, entre 18 e 24 anos, que não estudam e não trabalham, ficando atrás apenas da África do Sul, de acordo com um relatório da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) em 2022. Esse cenário deixa esses jovens em risco de exclusão a prazo do mercado de trabalho. Um exemplo é Carlos Alberto Santos, de 18 anos, que concluiu o ensino médio e um curso técnico de administração, mas está há dez meses sem conseguir emprego. Ele se inscreveu em diversas vagas e participou de várias entrevistas, mas ainda não obteve sucesso.
Carlos faz parte do Projeto Quixote em São Paulo, onde participou de cursos para o mundo do trabalho, visando desenvolver habilidades intuitivas e estimular a autonomia de jovens em situação de vulnerabilidade social. Ele sonha em trabalhar em ONGs como o Quixote para ajudar outros jovens e pretende estudar psicologia no futuro.
A situação de jovens que não estudam e nem trabalham varia de acordo com a renda familiar, sendo mais prevalente entre os mais pobres. Entre os 5,2 milhões de jovens desempregados no Brasil, 52% são mulheres e 66% são pretos e pardos. Os jovens “nem-nem”, que nem trabalham nem estudam, somam 7,1 milhões, sendo que 60% são mulheres e 68% são pretos e pardos.
A desigualdade de renda exerce uma influência significativa sobre a condição dos jovens “nem-nem”. Muitas mulheres se veem obrigadas a deixar de estudar e trabalhar para se dedicar às tarefas domésticas e cuidar da família, enquanto jovens de famílias mais ricas podem estar nessa condição no período de preparação para a faculdade.
A pandemia da Covid-19 agravou essa situação, obrigando os jovens a interromperem sua educação e formação profissional, o que pode gerar consequências a longo prazo, como dificuldades na inserção no mercado de trabalho.
Para ajudar esses jovens, é necessário implementar políticas públicas focadas na juventude, incluindo a melhoria de creches, melhorias nos sistemas de qualificação profissional e políticas de permanência estudantil. Além disso, é importante oferecer apoio sócio-emocional e mentoria individual para capacitar os jovens em habilidades essenciais para ingressar no mercado de trabalho.
O Levante Popular da Juventude, uma organização de jovens militantes no Brasil, também defende a criação de políticas de permanência e assistência estudantil, bem como medidas tratadas para o primeiro emprego, a fim de proporcionar melhores oportunidades para os jovens.
Fonte: Agência Brasil