Nos últimos anos, o Brasil vem passando por uma transformação silenciosa, mas significativa: o número de nascimentos está caindo, e a maternidade está sendo adiada. Segundo o IBGE, a taxa de fecundidade caiu para 1,6 filho por mulher, o menor número da série histórica e abaixo do chamado “nível de reposição” (2,1 filhos por mulher), necessário para manter o tamanho da população.
A pergunta que surge é: o que explica essa mudança?
Em parte, essa queda é resultado de um avanço natural: o acesso à informação, aos métodos contraceptivos e à educação aumentou. As mulheres estão estudando mais, entrando no mercado de trabalho e tomando decisões com mais liberdade sobre quando (ou se) querem ser mães.
A idade média das mães, por exemplo, subiu de 26 para 28 anos em uma década. O dado mostra que a maternidade está sendo planejada com mais cautela — e muitas vezes adiada por motivos profissionais, financeiros ou pessoais.
Ter filhos custa caro
Outro fator importante é o custo de vida. Ter um filho no Brasil, hoje, representa uma despesa significativa. Educação, saúde, moradia, alimentação e segurança são preocupações constantes para quem pretende formar uma família. Para muitos casais, o cenário econômico atual contribui para o adiamento da decisão ou para a opção por ter apenas um filho — ou nenhum.
Diferenças sociais e regionais
Os números também revelam contrastes: mulheres com maior escolaridade têm, em média, menos filhos. Entre as mulheres indígenas, a taxa de fecundidade chega a 2,8; entre as brancas, 1,4. São diferenças que refletem contextos sociais distintos, com realidades e oportunidades muito desiguais.
Além disso, cresce o número de brasileiras que chegam ao fim da idade fértil sem terem filhos. Hoje, cerca de 16% das mulheres entre 50 e 59 anos nunca foram mães — em 2000, esse número era de 10%.
Um país que envelhece
A queda no número de nascimentos pode parecer, à primeira vista, um sinal de progresso — e, de fato, está ligada a avanços em educação e saúde. Mas ela também traz desafios. Com menos jovens e mais idosos, o país precisa repensar políticas públicas, previdência, saúde e o próprio mercado de trabalho.
Mais do que uma questão individual, a mudança no perfil da população brasileira é um tema que afeta toda a sociedade.
O Brasil está tendo menos filhos. A pergunta agora é: estamos nos preparando para as consequências disso?