Uma cena surpreendente chamou a atenção no fim de maio: uma baleia-jubarte foi vista nadando tranquilamente perto da construção da Ponte de Guaratuba. O flagrante ganhou destaque nas redes e despertou a curiosidade de quem vive ou visita o nosso litoral.
Mas o que essa visitante gigante fazia por aqui?
Segundo especialistas, a resposta é simples e animadora: o litoral paranaense faz parte da rota migratória das jubartes. Elas saem das águas geladas da Antártica e sobem a costa brasileira em busca de águas mais quentes, entre o Espírito Santo e a Bahia, para se reproduzirem. Ou seja: o Paraná está no caminho dessa jornada natural – e a tendência é que esse tipo de avistamento seja cada vez mais comum.
Para entender melhor esse movimento, o Instituto Água e Terra (IAT) e o Laboratório de Ecologia e Conservação da UFPR organizaram uma expedição entre os dias 26 de maio e 1º de junho. Técnicos sobrevoaram e percorreram o litoral em busca de registros da fauna marinha. Durante a ação, além de golfinhos e toninhas, encontraram outra jubarte, um jovem de cerca de 12 metros, próximo à Baía das Laranjeiras, em Guaraqueçaba.
Esses registros serão usados para fortalecer pesquisas e também para orientar políticas de educação ambiental e licenciamento na região.
“O objetivo é mostrar para a população que esses animais estão se reproduzindo e que precisamos aprender a conviver com eles, respeitando seu espaço”, explica Rafael Galvão, técnico do IAT. Segundo ele, a presença das jubartes deve se tornar algo frequente, e a sociedade precisa estar preparada para proteger e compartilhar o mar com essas espécies.
Outro ponto importante destacado por Galvão é que a rota das baleias precisa ser considerada em licenciamentos ambientais. “Esses animais garantem a produtividade do oceano. Precisamos de um mar que atenda aos diversos usos, mas que respeite a vida marinha”, afirma.
A bióloga Camila Domit, pesquisadora da UFPR, lembra que esse retorno das jubartes é um sinal positivo da recuperação da espécie, que já esteve ameaçada de extinção. Em 1988, havia apenas cerca de mil indivíduos. Hoje, estima-se uma população em torno de 30 mil, graças à proibição da caça comercial.
Mas ainda há desafios. A proximidade das baleias com áreas costeiras traz riscos por conta da atividade humana: mineração, grandes embarcações, pesca industrial. Por isso, a educação ambiental é essencial para garantir a convivência segura e respeitosa com esses animais.
Curiosidades sobre a jubarte
A baleia-jubarte (Megaptera novaeangliae) pode chegar a 16 metros de comprimento e pesar cerca de 40 toneladas. Ela se destaca pelas enormes nadadeiras brancas, que podem ter até 1/3 do tamanho do corpo. Outra marca registrada são os padrões únicos de preto e branco na parte de baixo da cauda – como uma impressão digital.
Elas migram todos os anos: se alimentam nas águas geladas do Sul e se reproduzem nas águas quentes do Brasil, voltando entre o inverno e a primavera.
Com a chegada frequente dessas gigantes ao nosso litoral, o cuidado com o mar se torna ainda mais urgente.
Fonte: AEN
