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Projeto propõe câmeras corporais e exame toxicológico para professores

A rotina dos professores da rede municipal de ensino de São Paulo pode mudar drasticamente caso avancem dois projetos de lei protocolados pelo vereador Rubinho Nunes (União Brasil). As propostas obrigam o uso de câmeras corporais durante as aulas e também a realização periódica de exames toxicológicos.

Câmeras ligadas o tempo todo e identificação dos docentes

A primeira proposta determina que educadores utilizem câmeras presas ao corpo enquanto ministram aulas e em todas as interações com alunos, dentro ou fora do ambiente escolar. O equipamento deverá conter numeração única para identificação e, sempre que tecnicamente viável, permitir a localização em tempo real. O projeto ainda prevê o armazenamento dos registros audiovisuais.

Segurança ou vigilância?

Na justificativa, o vereador argumenta que as gravações podem servir como meio de proteção aos docentes em casos de conflitos, além de aumentar a integridade do ambiente escolar. Rubinho também afirma que os registros dariam à comunidade acesso a informações objetivas sobre a gestão de sala de aula e os métodos pedagógicos utilizados. Para ele, a medida se assemelha ao uso de câmeras por policiais militares.

“Blindar nossos filhos”: discurso do vereador acende alerta

Apesar do tom moderado no texto do projeto, o parlamentar foi mais direto ao ser questionado sobre os reais objetivos da proposta. “Blindar nossos filhos de um crime silencioso e permanente: o roubo da liberdade e da mente dos jovens por doutrinadores travestidos de educadores”, afirmou em entrevista ao jornal O Globo.

Entre “doutrinação” e cívico-militares: debate ideológico em pauta

A declaração reacendeu o debate sobre uma suposta “doutrinação” nas escolas. Parlamentares da direita vêm pressionando instituições de ensino, propondo projetos como o “Escola Sem Partido” e defendendo modelos cívico-militares como alternativa à rede tradicional.

Exame toxicológico anual também entra na pauta

Além das câmeras, Rubinho também propôs que professores da rede municipal sejam submetidos a exames toxicológicos de larga janela de detecção. O teste seria obrigatório antes da contratação, no desligamento e, anualmente, por meio de sorteio randômico. A justificativa é evitar que profissionais da educação ministrem aulas sob efeito de substâncias psicoativas.

Segundo o vereador “greve é vagabundagem”

Os projetos foram apresentados na mesma semana em que a Câmara aprovou um reajuste de 2,6% para os servidores públicos — valor considerado insuficiente por sindicatos e vereadores da oposição. Durante a votação, Rubinho entrou em confronto com servidores da educação e exibiu cartazes com os dizeres “greve é vagabundagem”.

Oposição critica custo, viabilidade e motivação política

O projeto foi recebido com fortes críticas por vereadores da oposição. Toninho Vespoli (PSOL), que também é professor, questionou o impacto financeiro da medida, lembrando que a gestão municipal foi contra o uso de câmeras até mesmo na Guarda Civil Metropolitana. Já o vereador Eliseu Gabriel (PSB) afirmou que a proposta é absurda e que Rubinho tenta apenas “causar polêmica para ficar em evidência”.

“A escola está precisando de tanta coisa”, diz sindicato

Do lado dos educadores, o presidente da Apeoesp, Fabio Santos de Moraes, reforçou que a principal preocupação dos professores no momento é o reajuste salarial e a resistência à privatização das escolas. “A escola está precisando de tanta coisa, e a Câmara quer colocar câmera em professor”, afirmou.

Projetos ainda precisam passar por comissões antes de ir ao plenário

Apesar da repercussão, os projetos de Rubinho ainda estão longe de se tornar lei. Antes de chegar ao plenário, devem passar pela análise das comissões de Educação e de Constituição e Justiça da Câmara. Até lá, o debate — tanto técnico quanto ideológico — promete se intensificar.

Propostas como essa, vindas da capital paulista, fazem a gente olhar pra realidade do litoral paranaense e se perguntar: esse tipo de medida faria sentido por aqui? A iniciativa de Rubinho Nunes, ainda que específica, acende uma discussão mais ampla sobre os rumos da educação pública no Brasil. Até onde vai a proteção… e onde começa o controle?

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