O tabagismo é responsável por mais de 8 milhões de óbitos anuais em todo o mundo, conforme dados da Organização Mundial da Saúde (OMS). Cerca de 1,2 milhão dessas mortes afetam não fumantes, incluindo crianças, que são expostas ao fumo passivo.
De acordo com a OMS, o cigarro pode levar à morte até metade de seus consumidores. Aproximadamente 30% dos óbitos decorrentes de câncer são atribuíveis ao uso de tabaco, afetando órgãos como pulmões (90% dos casos de câncer de pulmão), boca, garganta, esôfago, bexiga, colo do útero, pâncreas, entre outros.
Além disso, o tabagismo aumenta drasticamente o risco de doenças cardiovasculares, como acidentes vasculares cerebrais (AVCs) e infartos. Cerca de 25% dos fumantes desenvolvem algum grau de doença pulmonar obstrutiva crônica (DPOC), que provoca falta de ar e, frequentemente, requer oxigenoterapia.
Surpreendentemente, mais de 1 bilhão de pessoas continuam a consumir cigarros em todo o mundo, sendo que quase 80% dos tabagistas vivem em países de média e baixa renda.
O Brasil apresenta uma das taxas mais baixas de fumantes do mundo, com apenas 9,1% da população com 18 anos ou mais relatando o hábito, de acordo com dados de 2021 do Vigitel. Essa proporção é menor do que a dos Estados Unidos (11%) e da União Europeia (19,7%).
Apesar do reconhecimento por suas políticas eficazes de combate ao tabagismo, o Brasil ainda perde 200 mil vidas anualmente devido às doenças relacionadas ao tabaco. O país gasta cerca de 125 bilhões de reais a cada ano para tratar doenças e incapacitações decorrentes do cigarro, de acordo com o Instituto Nacional do Câncer (Inca).
Preocupantemente, jovens que cresceram sob a influência de campanhas contra o tabagismo convencional agora estão recorrendo a outros produtos similares, como fumo de rolo, cigarros de tabaco e palheiros, acreditando que são menos prejudiciais à saúde.
Além disso, especialistas têm alertado para os riscos associados ao uso do cigarro eletrônico. Embora ainda não existam estudos de longo prazo sobre seus efeitos, já se sabe que, a curto prazo, pode causar sérios problemas bucais e respiratórios, além de levar à dependência. A venda de cigarros eletrônicos é proibida no Brasil, mas esses produtos podem ser encontrados com facilidade, a preços acessíveis, em muitos lugares.
Investir em políticas públicas que visam a redução do número de fumantes é cooperar na prevenção de inúmeras doenças e na diminuição dos gastos com saúde. Como afirma a OMS, a epidemia de tabagismo é uma das maiores ameaças à saúde pública que o mundo já enfrentou.
Fonte: Mariana Varella (jornalista de saúde e cientista social) via portal Drauzio Varella